Diversidade é algo muito discutido no cenário atual da cultura pop. Temos alguns filmes e séries que falam sobre racismo, homofobia e feminismo, mas infelizmente ainda se discute mais do que se coloca em prática. Por essa razão, quando algo traz inclusão e diversidade temos que celebrar e enaltecer! E foi exatamente isso que o Oscar 2019 fez.
Para começarmos, temos Roma, obra produzida pela Netflix. O filme é dirigido e roteirizado pelo mexicano Alfonso Cuarón, que levou a estatueta de Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Fotografia e Melhor Diretor, fazendo com que um diretor que não é norte-americano subisse ao palco mais uma vez (em 2018 tivemos Guillermo Del Toro, por A Forma da Água, e antes tivemos Alejandro González Iñárritu, por Birdman e O Regresso em 2015 e 2016). A produção traz uma discussão sobre os direitos das domésticas, feminismo e abandono paternal, além de ser protagonizado por uma mulher indígena, Yalitza Aparicio, que também foi indicada como Melhor Atriz.
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Temos também o fenômeno Pantera Negra, filme da Marvel lançado em 2018 que fez sucesso no mundo todo por enaltecer sua representatividade racial e se tornou o primeiro filme de herói a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme. Mesmo não levando o prêmio, venceu em Design de Produção, Figurino e Trilha Sonora, três áreas da produção que trabalharam o resgate da cultura africana, e foram importantes para que o filme tivesse a identidade necessária para ser o sucesso que foi. Com isso, vimos saírem vitoriosas a figurinista Ruth E Carter e a diretora de arte Hannah Beachler, sendo elas as primeiras mulheres negras a receberem esses prêmios em 90 anos de existência do Oscar!
Essa questão racial se estendeu para outras histórias e outros atores também. Regina King abriu a festa como Melhor Atriz Coadjuvante em Se a Rua Beale Falasse, filme com atores majoritariamente negros e que fala sobre racismo. Depois tivemos Spike Lee por Melhor Roteiro Adaptado em Infiltrados na Klan, que também aborta esse dolorido preconceito. Já Melhor Animação tivemos Homem-Aranha no Aranhaverso, que apresenta Miles Morales, um adolescente negro de origem hispânica que se torna o novo Homem-Aranha, e que foi dirigido por Peter Ramsey, o primeiro diretor negro a vencer a categoria. Em melhor Ator Coadjuvante tivemos Mahershala Ali (apenas o segundo ator negro a conquistar duas estatuetas do Oscar!) vencendo por Green Book, que traz uma história onde um homem branco leva um choque de realidade racial ao virar um motorista de um músico negro poderoso nos anos 70. Green Book também levou Melhor Roteiro Original e Melhor Filme.
Mesmo quando nos afastamos dessas questões raciais, ainda sim sentimos mudanças. Olivia Colman levou como Melhor Atriz pela sua personagem lésbica em A Favorita; Rami Malek levou como Melhor Ator por seu personagem bissexual em Bohemian Rhapsody, o falecido vocalista da banda Queen, Freddy Mercury.
Outros prêmios importantes: Skin, curta sobre um ex-skinhead que vira as costas para todo o ódio racial que lhe foi ensinado, levou Melhor Curta Metragem, e Bao levou como Melhor Curta de Animação, tendo sido produzido por Domee Shi e Becky Neiman-Cobb, duas mulheres promissoras nos estúdios Pixar.
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O Oscar parece ter percebido a necessidade de evoluir e falar sobre feridas ainda expostas na nossa sociedade. Mas, assim como todos nós, a Academia ainda precisa mudar e aprender muito, No entanto, o que vimos na última premiação foi umas das noites mais bonitas do cinema, onde mulheres, negros e latinos foram reconhecidos por seu talento e por trazer necessárias discussões às telas. O cinema é onde nos divertimos, mas onde também aprendemos a reconhecer e valorizar o próximo.
E você? Gostou da celebração do Oscar? Quem foi seu favorito?