Quando o Globoplay anunciou Vermelho Sangue, muita gente ficou curiosa com a promessa de unir vampiro, lobisomem, representatividade e crítica social em uma mesma história. Agora que todos os episódios da primeira temporada estão disponíveis, dá pra afirmar sem medo: a produção entregou tudo.
Criada por Rosane Svartman e Claudia Sardinha, a série é um respiro dentro do streaming nacional. Mistura o sobrenatural e o romance com uma visão atual sobre temas que a Geração Z ama discutir: identidade, diversidade, ancestralidade, ciência e poder.
Entre vampiros, lobisomens e uma protagonista Gen Z

A trama gira em torno de Luna (Letícia Vieira), uma adolescente que se muda com a mãe para a misteriosa cidade de Guarambá, um refúgio para seres sobrenaturais. Lá, ela tenta entender sua própria natureza como “lobimoça”, e sua mão tenta encontrar uma cura para a transformação da sua filha em uma lobo-guará, um animal nativo do Brasil. A história aborda o folclore brasileiro, colocando lobisomens e vampiros no cenário do Cerrado Mineiro.
Luna acaba se aproximando de Flora (Alanis Guillen), uma garota rebelde e livre, e o que começa como amizade se transforma em uma conexão intensa. A relação entre as duas é o coração emocional da série.

“Foi a primeira vez que atuei, nunca tinha tido nenhuma experiência nesse meio. Serei eternamente grata, porque foi nesse momento que me reconheci como pessoa, atriz e artista”, contou Letícia em entrevista, mostrando o quanto a história também se tornou um espelho de autodescoberta para ela.
Entre vampiros charmosos como Michel (Pedro Alves) e Celina (Laura Dutra), e figuras misteriosas como Otto (Rodrigo Lombardi), há uma trama que mistura suspense, romance e política científica. Tudo com um ritmo que conversa com quem cresceu entre Twilight, The Vampire Diaries e o universo expandido de Harry Potter, mas quer ver algo mais próximo da própria realidade.

Um universo de fantasia com pegada brasileira
Enquanto os clássicos do gênero costumam se passar em cidades frias e castelos distantes, Vermelho Sangue encontra sua força na brasilidade. As gravações em Catas Altas (MG), especialmente no Santuário do Caraça, dão à produção uma atmosfera mística, densa e poética.

Os efeitos especiais surpreendem para os padrões brasileiros, mas é o uso da paisagem natural e da luz tropical que transformam a série em algo visualmente novo. A direção entende que o terror pode coexistir com o calor, a vegetação e a espiritualidade do Brasil.

Crítica social e ancestralidade: a fantasia como espelho
Por trás da estética pop e das criaturas lendárias, Vermelho Sangue fala sobre bioética, ganância, biopoder e exploração da diversidade. É o tipo de conteúdo que prova que entretenimento e reflexão podem caminhar juntos.
A presença de Barbina (Bete Mendes), uma curandeira guardiã de saberes ancestrais, dá à narrativa uma camada espiritual e política, conectando o sobrenatural à herança cultural brasileira.
Rosane Svartman explica: “A série fala sobre os limites da ciência e sobre como o ser humano lida com a diferença. É uma metáfora para o mundo atual.”
Por que a Geração Z abraçou Vermelho Sangue
O sucesso entre o público jovem não veio por acaso. Vermelho Sangue fala sobre autoaceitação, amor fora dos padrões, pertencimento e poder feminino, temas que estão no centro das conversas da Geração Z.
Além disso, o visual cinematográfico, o figurino cheio de identidade e a trilha sonora contemporânea tornam a série perfeita para quem vive entre o TikTok, o streaming e o fandom. É aquele tipo de produção que dá vontade de pausar pra fazer fanart, teorizar nas redes e shippar personagens.
Um marco da fantasia brasileira
Vermelho Sangue é mais do que uma série sobrenatural. É uma declaração de que o Brasil pode criar universos fantásticos com cara própria. A mistura de mitologia, crítica social e representatividade coloca a produção no radar da cultura pop.
É intenso, visualmente lindo, moderno e cheio de coração. Uma série feita por e para uma geração que quer ver na tela aquilo que sente: conflito, liberdade e empatia.
A primeira temporada, com 10 episódios, já está disponível no Globoplay, e uma segunda temporada está confirmada para 2026. Se o futuro for tão promissor quanto o presente, Vermelho Sangue tem tudo para se tornar o novo fenômeno da ficção brasileira. E o próximo vício da Geração Z.