“Sintonia“, nova série nacional da Netflix, se tornou um sucesso aqui e no mundo todo por apresentar a dura realidade de muitos brasileiros marginalizados pela sociedade. Além de tocar em uma ferida nacional, a produção também chamou atenção por seu elenco excepcional, principalmente os três protagonistas, MC JottaPê, Bruna Mascarenhas e Christian Malheiros.
Inclusive, o intérprete de Nando tem chamado atenção por conta de outra produção, o filme “Sócrates“, obra que ainda não estreou nos cinemas mas já está sendo muito elogiada por críticos nacionais e internacionais, ganhando destaque em portais conceituados como o The New York Times, Variety, LA Times e o Hollywood Reporter.
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“Sócrates”, que conta com a produção executiva de Fernando Meirelles — famoso por “Cidade de Deus“, “Ensaio Sobre a Cegueira” e “Cidade dos Homens” —, chegou a ser cogitado para entrar na corrida do Oscar 2020 na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, ou até como Melhor Roteiro, Melhor Direção etc. Inclusive, o filme já conquistou o prêmio importante de Diretor Revelação no Independent Spirit Awards.
Sobre o que o filme fala?
A história gira em torno do jovem periférico e homossexual Sócrates (Christian Malheiros), que passa por uma situação complicada após a morte de sua mãe. O adolescente então luta para sobreviver enquanto briga contra a homofobia de seu pai, a falta de oportunidades no mercado de trabalho e a burocracia do sistema para enterrar sua mãe. Assim, Sócrates se vê perdido e sozinho na cidade de Santos (SP).
Mesmo trazendo uma visão um pouco diferente de “Sintonia“, o filme e o personagem de Christian Malheiros possuem algo em comum: o reflexo sincero de uma juventude que não consegue ter esperança numaa sociedade tão problemática, principalmente quando se é negro e periférico.
Em entrevista ao FESTIVAL TEEN, o ator falou um pouco sobre o longa e a relação de seus personagens nas duas produções: “[Sócrates é] Um menino guerreiro, maduro, que entende a sua realidade, mas não aceita viver na mediocridade e está sempre na busca eterna pelo seu lugar, seja ele qual for.”
“Eu, Sócrates e Nando somos todos jovens negros de periferia que lutam para existir em algum lugar, que vão contra um sistema e por trás de tudo isso cultivam um sonho. Então sim, as obras se conversam não só entre elas mas com a vida real. Acho que além de criar uma identificação com os jovens que se sentem representados, o filme tem o poder de dialogar com todas as idades e todos os públicos porque ele fala de vida real, expõe problemas sociais que atinge todas as camadas da sociedade”, completa.
A ideia da obra surgiu em 2016, no projeto Instituto Querô — ONG de Santos que usa o audiovisual para ampliar os horizontes profissionais de jovens em situação de risco social —, com a proposta de produzir junto com os adolescentes do projeto o seu primeiro longa-metragem e também do Querô, em comemoração aos 10 anos da oficina.
Christian Malheiros também falou sobre a Instituição e seu inicio de carreira: “Iniciei minha vida na arte aos 9 anos de idade através de um curso de teatro na escola onde eu estudava, quando fiz Sócrates eu já tinha uma história com o teatro. Mas projetos como o Querô que usam o audiovisual como ferramenta de transformação de vidas é muito importante para evoluirmos como sociedade e dar voz a quem realmente pode mudar algo nesse mundo, que são as crianças e os jovens.”
A produção foi realizada por jovens capacitados nessas oficinas audiovisuais do Instituto, dando grandes oportunidades a adolescente que não possuem privilégios de estudar cinema em grandes faculdades. Isso mostra, mais uma vez, como o audiovisual nacional pode gerar boas oportunidades para pessoas que poderiam entrar ou se manter em caminhos muitas vezes fatais.
Em uma entrevista ao jornal Paraíba Notícia, o produtor Fernando Meirelles falou sobre como trabalhar com jovens que encaram a mesma realidade do protagonista fez com que a obra parecesse mais real: “Trabalhar com uma equipe e elenco de jovens que moram na mesma cidade e nos mesmos bairros onde gravamos traz uma sinceridade para a tela. A crítica internacional percebe, destaca isso e estou com muito orgulho que o trabalho e as vozes desses jovens estão chegando no plano internacional. Esse filme foi feito por eles e para eles. […] Um espelho para a juventude no Brasil e em todo o mundo”, comentou.
Portanto, se você se curtiu “Sintonia“, não pode perder o filme “Sócrates“, ainda mais se achou Nando um grande personagem e Christian Malheiros um ator incrível. “Galera além de ‘Sócrates’ ser um filme muito potente e que eu me orgulho imensamente de ter feito, temos que prestigiar o nosso cinema que luta todos os dias para sobreviver. Vão ao cinema, prestigiem o cinema nacional!!” , finalizou.
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