Cinco vezes em que a terceira temporada de '3%' mostra que é super atual

A nova temporada da série nacional de maior sucesso da Netflix, 3%, chegou ao catálogo do serviço de streaming nos últimos dias, já sendo chamada de a melhor e a mais corajosa temporada da produção. Isso porque a série foca totalmente a sua história na nova empreitada da personagem Michele (Bianca Comparato) em construir uma sociedade alternativa chamada de A Concha, e como será a vida de quem está nesse novo lugar.

Além disso, uma das coisas mais interessantes é como o roteiro aproveita para fazer diversas analogias com a nossa sociedade atual e o caos em que vivemos. Pensando nisso, separamos 5 momentos que a terceira temporada de 3% se mostra mais atual do que nunca, mesmo sendo contada em um futuro distante distópico.
Vale lembrar que esse texto está cheio de spoilers, então se você ainda não assistiu a nova temporada, isto pode estragar a sua experiência!

Polarização de sentimentos

A menos que você tenha vivido em um planeta que não seja a Terra nos últimos anos, você deve ter notado que a nossa sociedade anda bastante polarizada, isto é, não busca o meio termo e vai aos extremos, “Ama” ou “odeia”. O problema não é exatamente ter um lado ou opiniões, o problema é quando não há diálogo e essas polarizações causam mais brigas e dores de cabeça, fugindo das soluções.

A terceira temporada de 3% mostra bastante isso quando os jovens reprovados no teste da Concha, se revoltam e vão tentar tomar o poder, derrubando Michele, principalmente por não saberem lidar com a rejeição e com a falha. Isso é muito perceptível na personagem Glória (Cynthia Senek), que é a mais indignada por ter sido expulsa e utiliza da decepção dos outros jovens também expulsos, para polarizar esses sentimentos e atacar a comunidade construída por Michele.

Rejeição ao novo

Outro ponto muito interessante que a série abordou é que, quando a Concha foi construída como um local para as pessoas fugirem da terrível seleção do Maralto, muitos rejeitaram e se revoltaram contra, preferindo o sacrifício que o outro local exigia. Não exatamente sobre política, como de certa forma acontece na série, mas é muito comum vermos as pessoas rejeitarem qualquer coisa que fuja do normal/confortável atualmente. Seja por medo de ter de encarar esses fatos ou qualquer coisa.

Um fato curioso é que a própria série sofreu isso quando estreou na Netflix. Enquanto o mundo inteiro pirava com 3%, muitos brasileiros relutaram bastante com a produção, principalmente por uma série de ficção cientifica brasileira ser algo extremamente novo.

Protagonismo feminino e negro

Por mais que Michele seja vendida como a protagonista da série, a rainha de 3% é Joana (Vaneza Oliveira)! Em três temporadas, tanto atriz quanto a personagem evoluíram bastante e tomaram todos os olhares do público. Joana é a personagem mais honesta da história e a que mais luta verdadeiramente por justiça, tentando salvar todas as pessoas que passam necessidade, sem nem pensar em se vender ou aceitar ajuda do Maralto.

Essa luta diária de Joana para conquistar o seu próprio espaço e por justiça é muito discutida na nossa sociedade atual. Onde, mulheres negras lutam diariamente para vencer várias batalhas, como o racismo e o machismo, e ainda sim buscam contribuir para toda uma sociedade, não vendo apenas o seu ponto. Talvez por isso, dada a época, a personagem conquiste tanto.

Uma sociedade bem representada

Nada mostrado na série é por nada, muito menos o fato de o Maralto lembrar muito aqueles velhos políticos dominando e denominando regras para lutarmos uma vida inteira e, quem sabe um dia, chegamos ao seu patamar de elite, que nada mais é que o tal Maralto. Outra coisa que não é de graça, é mostrar a sociedade mais pobre cheia de diversidade, com homens, mulheres, negros, gays, trans e etc lutando diariamente para conquistar o seu espaço, assim como falamos da Joana logo acima.

Michele e o sistema

O ponto mais interessante de sua nova temporada, é como Michele teve que instalar o sistema que tanto lutou contra. Isto é, depois de lutar anos contra a seleção do Maralto, quando finalmente consegue criar um novo lugar, devido aos problemas criados pelos seus inimigos, Michele se vê obrigada a instalar um novo sistema de seleção, muito parecido com o que vimos na primeira temporada.

É interessante acompanhar toda essa história, como Michele é vista pelos seus companheiros de comunidade como uma vendida e mentirosa cega pelo poder, e como ela mesma se vê pressionada sem nenhuma alternativa. Parece um beco sem saída e muito desesperanço-o quando percebemos a analogia da nossa atual sociedade. Porém, a série também mostra que isso pode ser resolvido com a união de ideias, diálogos e lutas pelos direitos.
E você? Já assistiu a nova temporada de 3%? Gostou? Conta para a gente!

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