Atenção!
Assim como a série, esse texto é apenas para as pessoas que puderam assistir Super Drags, classificação indicativa de 16 anos.
Agora é oficial, Pabllo Vittar foi longe demais! Mas não só ela, como também a Netflix e os criadores dessa animação que é, de longe, a melhor produção nacional que o serviço de streaming já fez. Sem exagero algum, Super Drags tinha um risco grande de decepcionar e ser só mais um Pink Money da vida, mas ao invés disso, ela soube muito bem como dialogar com o seu o público alvo e também com a grande maioria dos jovens brasileiros que conhecem os memes mais engraçados da internet. Afinal, é infinitamente comprovado que nós brasileiros fazemos os melhores memes do mundo, não é?
Super Drags é a primeira animação adulta do streaming aqui no Brasil, foi criada por Anderson Mahanski, Fernando Mendonça e Paulo Lescaut, e conta a história Patrick, Donny e Ramon, três amigos que trabalham em uma loja de departamento durante o dia. Mas quando a loja fecha e a noite vem, eles se libertam e se transformam em três drags maravilhosas cheias de brilho e poderes mágicos: Lemon Chiffon, Safira Cian e Scarlet Carmesimem.
É muito legal ver as diversas referências da animação, tem memes nacionais, referências a nossa cultura pop e até coisas mais antigas, como Dragon Ball Z e Sailor Moon. Então graças a essa perspicácia, ela consegue capturar o público mais jovem e aqueles adultos que cresceram vendo animações adultas americanizadas, mas que nunca se encontravam muito nelas, por ser fora da nossa realidade cultural e, muitas vezes, ser hetero demais.
Apesar de só ter 5 episódios, ela conta praticamente uma história só, que é lutar contra a Lady Elza, fazer de tudo para o reino sobreviver e fazer o show da cantora Goldiva acontecer. Isso tudo é muito bem dividido nos episódios e mesmo quando parece fugir um pouquinho dessa trama central, ela na verdade tem toda uma relação e uma construção de personagens. Lembrando os clássicos desenhos que muitos cresceram vendo, como Três Espiãs Demais, Meninas Super Poderosas e qualquer outro do gênero.
Outro ponto que é muito positivo é o respeito que a série tem com o público LGBTQ, ela consegue burlar aquele antigo sistema de humor que para ser engraçado tem de ofender; Ela muitas vezes zomba dela mesma, mas de uma forma carinhosa e algumas vezes acaba fazendo sátiras de grupos mais conservadores que fora da telinha, nos conhecemos muito bem quem são. Mesmo assim ela não perde tempo atacando e fala bem mais de respeito, união, rebolar a raba e ser feliz dentro da sua própria aceitação.
Se Super Drags sobreviver a qualquer tipo de preconceito nos próximos dias, este que já vinha sofrendo antes mesmo de estrear, com toda certeza irá fazer sucesso em todo lugar que passar e, quem sabe assim, trazer uma nova temporada com muito mais episódios. Já que essa conquista se deve justamente ao talento que a Netflix tem de saber ouvir, respeitar e dialogar com seu público alvo (Tirando aquela vez que cancelaram a nossa amada Sense 8).
É hora de montar!